
Silêncio, Quietude & Solitude



Embora silêncio e quietude sejam termos relacionados, eles não são exatamente a mesma coisa. Silêncio e quietude complementam-se.
O silêncio é uma ausência externa de sons, enquanto a quietude é uma presença interna de paz. Podes viver momentos de silêncio sem quietude e, com prática, alcançar quietude mesmo em ambientes barulhentos.
Ainda que ambos envolvam uma dimensão de tranquilidade, apresentam diferenças importantes no seu significado e aplicação. Vamos explorá-las.
Queres experimentar um momento de quietude agora?
Respira fundo, fecha os olhos e observa a calma que surge.
O silêncio, literalmente, é a ausência de ruído ou som. Está mais ligado ao ambiente externo e pode ser um estado físico ou imposto pelas circunstâncias. Estás em silêncio num quarto sem barulho, ou um momento sem diálogo durante uma conversa. O silêncio é algo temporário e muitas vezes não reflete o estado interno da pessoa.
Como sabes podes estar em silêncio, mas com uma mente agitada ou emocionalmente inquieta.
A quietude é mais profunda e abrange a serenidade do corpo, da mente e do espírito. É um estado interno de paz, independente de haver ou não silêncio externo. Por exemplo podes sentir-te calmo(a) e em equilíbrio, mesmo num ambiente barulhento. A quietude é um estado consciente que muitas vezes requer prática (como a meditação ou mindfulness) para ser alcançado.
Podes experimentar quietude interna mesmo num ambiente cheio de ruídos.
O silêncio pode ser uma ferramenta para alcançares a quietude, já que a redução dos estímulos externos facilita o processo. Porém, o silêncio por si só não garante a quietude. Uma mente inquieta pode persistir num ambiente silencioso. Por exemplo, num retiro silencioso, algumas pessoas podem demorar a encontrar quietude, porque o silêncio externo as força a confrontarem-se com a sua própria agitação interna. Por outro lado, alguém que medita regularmente pode sentir quietude mesmo num ambiente movimentado e onde o ruído se faz sentir.
Para trazeres o silêncio para a tua vida desconecta-te de estímulos externos (telemóvel, a televisão, conversas). Escolhe ambientes tranquilos, como por exemplo a natureza ou espaços de meditação.
Para trazeres quietude para a tua vida pratica a meditação ou a respiração consciente. Observa e aceita os teus pensamentos sem julgamento.
Foca-te no presente, está presente em cada momento, mesmo nas situações quotidianas.
Por outro lado, a solitude é permaneceres sozinho(a) de forma intencional, consciente e positiva, sem sentir solidão. É um momento de conexão contigo mesmo(a), um espaço para reflexão, autocuidado e autoconhecimento.
A solitude é diferente da solidão, que muitas vezes está associada a sentimentos de vazio ou isolamento. A solitude é escolhida e valorizada como uma oportunidade de crescimento pessoal e bem-estar. A solitude é uma prática poderosa e necessária no mundo moderno, onde o excesso de estímulos e interações desconecta-nos de nós mesmos(as). A solitude ensina-nos que estar sozinho não significa que sejas uma pessoa solitária, mas sim que estás em boa companhia: estás na tua própria companhia.
Que tal abraçar um momento de solitude hoje?
Reserva um tempo para ti, criando pequenos momentos no dia para estar sozinho, mesmo que por 10-15 minutos.
Desconecta-te, ficando longe de dispositivos eletrónicos ou das redes sociais para evitar distrações.
Conecta-te com a Natureza, caminhando num parque ou simplesmente senta-te num lugar tranquilo para apreciar o silêncio e a beleza ao teu redor.
Pratica Mindfulness ou Meditação usando a solitude para estar presente e observares os teus pensamentos sem julgá-los. Deixa que eles fluam.
Explore as tuas paixões como a leitura, escrita, desenho e/ou pintura ou pratique qualquer atividade que te faça sentir bem.
A solitude traz clareza mental, ajudando-te a organizar os pensamentos e tomares decisões sem distrações e proporciona-te ainda uma visão mais clara sobre a tua vida e sobre os teus objetivos. A solitude traz não só criatividade, uma vez que estás livre de julgamentos e de expectativas externas, como também autonomia emocional, ensinando-te a sentires-te bem contigo mesmo(a), sem depender de validação externa, desenvolvendo a autoconfiança e a autoestima. E, por fim, a solitude é um terreno fértil para as tuas práticas espirituais, como meditação, oração ou contemplação.
E assim consegues criar um espaço seguro e amoroso onde foram criadas todas as condições que te permitem a reconexão com a inteligência do teu coração.
Um beijinho,
AMA
